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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Lya Luft

Lya Fett Luft  é uma romancista, poetisa e tradutora brasileira. É também professora universitária e colunista da revista semanal Veja.





"A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada."

A dor eventual é o preço da vida: passagem, seguro e pedágio.


Não saber é o que torna nossa vida possível


Não importa quanto tempo já se passou: eu sou a mesma, o amor é o mesmo, e a esperança.


que o outro não me considere sempre disponivel


Apesar de todos os medos, escolho a ousadia.
Apesar dos ferros, construo a dura liberdade.
Prefiro a loucura à realidade, 
e um par de asas tortas 
aos limites da comprovação e da segurança.
Eu, (..........), sou assim. 





Pelo menos assim quero fazer: 
a que explode o ponto e arqueia a linha, 
e traça o contorno que ela mesma há de romper. 
A máscara do Arlequim não serve apenas 
para o proteger quando espreita a vida, 
mas concede-lhe o espaço de a reinventar.
Desculpem, mas preciso lhes dizer: EU quero o delírio.” 

“Pois viver deveria ser - até o último pensamento e derradeiro olhar - transformar-se.”


“Se não conheço os mapas, escolho o imprevisto: qualquer sinal é um bom presságio.”


“Eu queria solidão, para não ferir aos outros nem ser machucada.”


“Apesar das minhas fragilidades, avanço.”



Canção na plenitude
Não tenho mais os olhos de menina 
nem corpo adolescente, e a pele 
translúcida há muito se manchou. 
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura 
agrandada pelos anos e o peso dos fardos 
bons ou ruins. 
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.) 
O que te posso dar é mais que tudo 
o que perdi: dou-te os meus ganhos. 
A maturidade que consegue rir 
quando em outros tempos choraria, 
busca te agradar 
quando antigamente quereria 
apenas ser amada. 
Posso dar-te muito mais do que beleza 
e juventude agora: esses dourados anos 
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência 
e não menos ardor, a entender-te 
se precisas, a aguardar-te quando vais, 
a dar-te regaço de amante e colo de amiga, 
e sobretudo força — que vem do aprendizado. 
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável 
cujas marés — mesmo se fogem — retornam, 
cujas correntes ocultas não levam destroços 
mas o sonho interminável das sereias. 

Lya Luft Uma sensibilidade encantadora



Lya Luft nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.


Por se tratar de cidade de colonização alemã, as crianças, em quase sua totalidade, falavam alemão, e os livros utilizados nas escolas vinham da Alemanha. Com onze anos, Lya decorava poemas de Goethe e Schiller.
Posteriormente, estudou em Porto Alegre (RS), onde se formou em pedagogia e letras anglo-germânicas.
Iniciou sua vida literária nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemão e inglês. Lya Luft já traduziu para o português mais de cem livros. Entre outros, destacam-se traduções de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. Ela diz que traduzir é sua verdadeira profissão. E que faz tradução para ganhar dinheiro. Mas também porque gosta. Um trabalho que exige respeito. Seu desejo é aproximar o escritor estrangeiro do leitor brasileiro. Confessa que não pode ser inteiramente fiel, porque pode-se correr o risco de ninguém entender nada. Mas não faz um carnaval em cima do texto alheio, não inventa, não cria frases que não existem.
Conheceu Celso Pedro Luft, seu primeiro marido,  quando tinha 21 anos. Ele tinha quarenta. Era irmão marista. Foi numa prova de vestibular. Achou-se ridícula quando pensou: esse é o homem da minha vida! O irmão marista tirou a batina para casar com ela em 1963.
Nessa paixão, começou a escrever poesia. Os primeiros poemas foram reunidos no livro "Canções de Limiar" (1964).
Tiveram três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e Eduardo, em 1969.

O poema de Lya Luft



Em seu livro Secreta Mirada e Outros Poemas, a escritora Lya Luft dedica a Beth�nia um belo poema que sintetiza em imagens fortes toda a aura sagrada que cerca o canto da int�rprete. Eis os versos de Luft:

Can��o para a Mulher que Canta
(Para Maria Beth�nia e todos os que vivem sua arte)

Tu que �s p�ssaro e �s fonte,
Tua arte feita passo, tra�o e canto
Lan�a suas redes sobre n�s que em penumbra e espanto te contemplamos
Teu fervor desenha uma paisagem onde seremos deuses, cravada a tua voz em nossa alma
No ex�lio desse palco pairas sobre n�s, diante de n�s te acendes:
Como far�amos, transidos e encantados, se tiv�ssemos a chama que te queima
E esse dom de ser rio
E de ser ponte