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segunda-feira, 28 de junho de 2010

A flor da poesia -Helena Frontini-


Corpo e alma

Minha alma tem ansias inauditas de liberdade.
Neste corpo contido, bandido, bendito
Habita um pássaro de asas quebradas,mas vivas
Até o ponto onde pode ser vivo um pássaro de asa partida.
Preciso de espaços plenos para curar minhas feridas
Latejam, ardem, doem e demoram a cicatrizar.
Que pena sinto de mim por ser tão dependente de mim...
Nada me perturba tanto como esta gota aflita e quente
Que teima em cair em minhas penas imprecisas
E demora a evaporar.


-Helena Frontini-

Invisível


Meus passos deixam marcas no chão.
Tenho uma sombra que me acompanha sempre.
Falo,ouço e tenho todos os sentidos apurados.
A mente é jovem, aberta como um leque
E a poesia derrama-se de mim em cachoeira.


Tantas vezes torno-me meu próprio espelho
Refletindo só a mim mesma.
Não me ouvem, não me olham, não me tocam.
Minha poesia queda triste e desarvorada
Errante no limbo da invisibilidade.


-Helena Frontini-

Eterna melodia


Em tudo há música, cor e perfeição
E devemos criar a nossa própria melodia.

Mesmo que desafine e não hajam aplausos
É a sinfonia que havemos de reger.

Maestros indecisos,vacilantes e incertos
À procura da graça de aprender.

Nossa alma,instrumento de sons raros
Anseia por sensibilidade e salvação.

Não importa a nota, o tom, a clave musical
O ritmo é que não se deve perder.


-Helena Frontini-

Recuperação


O silencio mostrou-se como um lenitivo.
Fico só, lambendo minhas feridas
Em companhia da natureza que me refugia.
Meu olhar distante procura certo alento
Nas flores, no voo das aves, no sol,
No rio que segue sempre, no vento...

Uma névoa ensombrou meu ideal.
Sonhos perdidos,o coração despreparado
Para o sofrimento e o desamor.
Não sei como reagir nem mesmo pensar.
Preciso de solidão e calmaria,
Gerada dentro da alma e não fora,
Em becos e ruas sem saída.

Sofro e ninguém pressente minha dor
Espero, em meu tempo de esplim...
Retorno quando me achar
E souber o que fazer de mim.


-Helena Frontini-

Enquanto a música durar...


A música embala baixinho, em tom gutural
Meu corpo moldado no vazio das esperas.
A vida derrama-se de meu ventre letal
Revolvendo fantasias e quimeras.


Chegue perto e sinta o eco de meu coração
Célere, com o vigor de quem vai embora,
Escapar do peito, deste peito sem emoção
Onde tudo mofa,adormece,embolora...


Hoje, esta lenta canção me acompanha
Ardendo na alma sua tristeza sem fim
Olhos semi cerrados, como quem sonha
Que o mundo inteiro chora por mim.


-Helena Frontini-

Sonhos...


Quero a doçura de uma vida simples
Cuidar dos filhos,da casa e das flores.
Uma horta de temperos e verduras
Com tempo de amar,tratar e observar
As estações que mudam devagar.
Ter a mente clara e sem torpor
Um corpo cuidado sem ostentação.
Uma casa no campo,uma nascente
Onde a vida escorre lentamente
Como água em minha mão.

De tardezinha esperar na varanda
Os olhos em paz,o rosto lavado,
Que com o último raio de sol
Retorne o meu amor.


-Helena Frontini-

Muito prazer...


Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Tenho momentos,como qualquer mortal...

Sou ciumenta, insegura, possessiva, cativante
Por vezes, distante, incontrolável, abissal.

Sou carinhosa, desastrada, meiga, inteligente
Possuo qualidades acima do normal.

Sou linda, atraente, mimada e me descabelo
Tenho riso franco, chôro fácil, olhar fatal.

Sou carente, desbocada, boba, intransigente
Amante, amiga, decidida, um coração leal.

Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Mas...Como eu, não verás outra igual...


-Helena Frontini-

Sem inspiração


A poesia, às vezes some no espaço e no tempo
Tomando rumos alheios à minha vontade.

Incorpora um pássaro livre, destronado do lar
À cata de abstrações e temas renovados.

Pobre mente imaculada neste papel em branco
Borda caricaturas e borrões assustados.

Meu verso aguarda exitante e sem significado:
Nada crio, nada faço, a não ser esperar...


-Helena Frontini-

Clair de Lune


Desde tenra idade envolvi-me com a magia dos sons.
Anos de estudo gastando o instrumento e as mãos.
Entendo a música, sei ler notas, as comuns e as cifradas.
Conheço as escalas e as claves de fá e de sol.
Os compassos, a métrica e o solfejar.
Aprendi sobre bemóis e sustenidos, colcheias e mínimas,
Semínimas, fuzas, semifuzas e pontuação.
Reconheço um ritmo, seu tempo, sua melodia
Mas...não tenho o dom!
Possuo vontade e perseverança que deveriam bastar
Contudo, não encorporam o espirito musical
Apenas reverberam meu tédio.
Breve ou semibreve!


-Helena Frontini-

Simplesmente Helena Frontini


Nasci em Santos,cidade balneária do estado de São Paulo.Vim para a capital ainda pequena e não guardo muitas recordações de minha cidade natal.A não ser o mar...Inesquecível em sua imensidão. Em Sampa,estudei e me formei em Letras.Casei cedo e tenho meus filhos criados e bem formados com a graça de Deus. Minha vida foi cheia de altos e baixos como a maioria das vidas,é. Com muita luta e superação,hoje me encontro numa situação confortável,tanto material,quanto espiritualmente. Parece-me que encontrei um certo ponto de equilíbrio com a maturidade... Mas,isso pode ser apenas uma ilusão passageira. A vida dá muitas voltas e amanhã tudo pode ser diferente.