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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Toda ternura de Priscila Rôde -

MAR INTIMO -http://priscilarode.blogspot.com/

Sobre a autora

Por Fernanda F. Fraga.


Priscila Rôde nasceu em Salvador (BA), em 02 de maio de 1991. Aos 15 anos deu seus primeiros passos na literatura. Ela é uma insaciável amante das palavras. Ao lê-la sinto uma entrega, uma corrente de confissões libertas, em que falar por meio da escrita seja uma válvula de escape de seus íntimos chamados, ondas em combustão tão elevadas que só a poesia suporta, sem necessariamente pedir ao fogo que os aplaque. Deixa queimar, na pele, todos os mares que são despojados de sua alma, serenamente, outrora furiosamente em erupção. Priscila é mais alma que corpo, coração que mente. Seu elemento é o Amor, seu ungüento é a palavra. Ela quer condensar o seu coração, mas não tem forças para conter ou resumir tanta paixão. Tantas pulsações, tantos mares em si, tantos desejos, que agora dizem a ela que não há mais tempo para contê-los. Há que contá-los, revelá-los. Eu a vejo nesse exercício de despir-se nessas ondas. E sei que, nos mares, há o benefício da Purificação. Seus textos nos afetam densamente... porque é puro afeto, sedução e carinho.
Não existe aquele que leia Priscila Rôde e não sinta afagado com suas palavras. Mesmo quando traduz a dor que sente. Ela finge não senti-la senão como esperança ou – quem sabe – ansiedade pelo prazer... um prazer que provoca a felicidade e constitui tão-somente um pedágio para a permanência.
O Blog Mar-íntimo parece nos convidar a abandonar esse mundo de aparências e a penetrar o mais fundo possível no que temos de mais nosso, de mais privado: o coração da nossa Alma.
Ela mergulha no avesso dos sonhos, das realidades e senti tudo e todos. Procura pela escrita refletir seus conflitos ora em busca de entendimento, ora em busca da sua própria Libertação. Através da variedade de sentimentos, sabe como uma verdade sua transmuta a intensidade dos seus anseios entre as palavras que delicadamente arquiteta e nos põe em oferta para degustá-la, como frutos de Amor. Sabe registrar no papel tudo aquilo que lhe foi doído e merece ser honrado e expostos em seu blog. Venho conhecendo o trabalho maravilhoso de Priscila e em seus textos sinto à procura de uma alma que se abrigue, de uma sensibilidade que a recolha. Pode ser notado nas profundezas desse Mar, por vezes agitado outras tão sereno, que cada letra ou sentimento que lá está escrito, é moldado uma mulher-menina, mais alma, que corpo.




*Fernanda F. Fraga é poetisa, escritora, pianista e Fisioterapeuta. Participou ativamente desde 2003 de eventos culturais do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético em Montes Claros – MG. Autora do livro de poesias “Os Olhos do Coração" publicado em 2003 pela editora Unimontes e autora do Blog “Me Falta Um Pedaço Teu”: http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com

Rir com o coração

Seja lá qual for o motivo, vamos rir de mim agora, depois não. Depois traz muita mágoa pra pouco tempo. E lá fora, quem é feliz mesmo sabe descuidar muito bem dessas vinganças bobas que querem morar nos caminhos mais queridos e sabe também que nem sempre quem rir por último, rir melhor - e com o coração. Felicidade também se improvisa. Há que se ter muito humor, dos bons, para atravessar o imprevisível dos dias.

Riso atrasado não sabe como a vida fica mais leve quando partilhamos tantos tropeços e bobagens no tempo certo do coração. Perde a graça (e o começo).

(Priscila Rôde

De mãos dadas

É,
de mãos dadas o mundo tem mesmo outro movimento.
Por isso que, às vezes, o meu parece não querer sair mais do lugar
e dá voltas no mesmo restinho de história só para me ver voltar
com um bom nós estampado nas paredes e aquela mãozinha esperta
segurando o tempo, entende?

É que de mãos dadas, os movimentos do mundo todo fazem belas poesias da gente!

Nada para deixar passar, nada para repor nem supor:
juntos, amamos do tamanho (imenso) do amor.
Priscila Rôde

Do que é preciso

É preciso estar com o coração tranquilo e atento
para ouvir a delicadeza de cada momento e enxergar
o melhor que há no pior de cada um.

Na espera, Deus não vê olhares soltos no tempo
nem dor resumindo os nossos passos.
Só encontros.

É preciso estar.
Tudo o que somos, já é milagre.

Priscila Rôde

Morar dentro de alguém

Tão bom morar dentro de alguém
Que não mede esforços nem dosa sonhos
Que sabe que está doendo só de olhar, de longe
Que não economiza afetos e carrega no abraço
O melhor instante do mundo

Alguém,
Que é o retrato da nossa escolha mais bonita
Que é lugar certo para ir e voltar várias vezes num só dia,
Que grava os passos nas entradas e saídas
E que cuida com a certeza de quem vai durar
Mais que uma vida.

Tão bom ter alguém
Para morar, decorar e guardar.
Para lembrar de ficar
Para esquecer que vai passar
E dar um jeito de estar,
"por um segundo mais feliz".
(Priscila Rôde)

Dos voos...

Confesso que, quando coloquei poesia em tudo, acordei sofrendo de um querer solar que aquecia bons milagres dentro e fora de mim. Foi quando vi o amor chegar. Pra mim, ele não veio "para trazer o dia, devolver a minha alegria" - ela já estava lá, inteira -. O amor veio para recolher as minhas estrelas, curar as minhas pernas e me fazer levantar. Estragou as minhas chatices. Agora eu escrevo para brincar com o rumo das coisas e permitir que a minha espera poética toque o querer de alguém. Sem ser urgente. 

Só consigo ser o que Amor quer que eu seja. Não sei ser diferente. Se não for assim: não brilho, não escrevo, não quero.
Priscila Rôde

Não sei se você sabe

Não sei se você sabe, se você percebe que tudo o que acontece chega a mim num formato só e tem cheiro de amor, de terra molhada, de riso pulando na cama. Cheiro de uma saudade macia que me entrega novas possibilidades poéticas. É que prestando atenção em tudo, emprestando a nossa atenção ao mundo que cada um leva, que cada um inventa, seremos bons frutos das tantas renovações, dos tantos jeitos, das tantas intensidades que moram na mesma vontade de fazer com que tudo alcance a experiência do eterno.

Não sei se você sabe, se você percebe que tudo o que acontece, acontece para quem sabe carregar os ensinamentos do outro no instante em que a tristeza se repete. Que tudo o que acontece, acontece por essa gente que é bordada de sonhos e de tudo o que é muito preciso e precioso. E que a nossa gente, quer sempre tão pouco. Quer a delicadeza dos instantes restantes, quer a oportunidade de ficar pra sempre. Algo que transborda e basta, em grandes e infinitas proporções.


Não sei se você sabe, se você percebe quando não há outro jeito.  Que só assim, de pouco em pouco, com as miudezas entrelaçadas que aprende - se a coragem de ser imenso.
Priscila Rôde

Ouvir com dedicação

Bonita é a canção que a alma da gente compõe quando estamos com os pés e palavras prontos para fugir e, de repente, por algum milagre, ficamos. O calor de um respiro aliviado e preciso vai caminhando sobre nós, ao nosso favor, ao nosso encontro. O coração recosta no tempo e descansados, recomeçamos. Nesse momento, quando a leveza do outro nos salva das nossas fraquezas mais bobas, entendemos melhor o valor lindo que tem esses amores que tentamos definir diariamente, sem nunca conseguir. Entendemos que daqui para qualquer lugar melhor, é só um pensamento (positivo). Entendemos graças a tudo o que nos move e a mão que tudo sustenta, que viver é para quem gosta de dar sempre um pouco mais de si, sem avareza no partilhar das sementes.

Eu nunca soube o que fazer com todas as lindezas que ficavam acumuladas nas canções que a vida silenciava. Quando resolvi questionar as letrinhas que ainda nem eram minhas, vi os ritmos milagrosos perderem o compasso do meu tempo. Foi quando aprendi que viver, além de não querer acompanhar todos os passos das vontades mais doídas é também desaprender um pouco de si. É permitir que o outro lhe ensine a cantar novos jeitos e risos. É ser asa para quem costuma perder o chão. É ouvir com dedicação e muita poesia, o próprio coração.

Priscila Rôde

Sob

(In)certo é que hoje eu não sei
se viro inverno e acolho o calor
dos nossos corpos que mentem
ou se veraneio e deixo escapar
a brisa, a noite, a mão
que amanhece desenhando
o teu amor no meu tempo
a tua dor no meu rosto
a tua alma no meu corpo
que no agora desaprende
e não te prende nas horas
em que o meu riso
fica sob.

(Priscila Rôde)

E quando eu não quis mais saber de mim, alguma coisa começou a dá certo.

É que às vezes não medimos as possibilidades, mas por algum motivo ou nenhum, desacreditamos. Pulamos a página. Riscamos o fio de chance que demorou uma vida pra nascer e virar poesia. Não aprimoramos o olhar. Não treinamos os gestos. Trocamos as gentilezas de lugar. Assim, morrem – se os toques, os jeitos. Ficamos no avesso das memórias, soltos no desdém das horas. Perdemos o teor da palavra, o doce que a língua tem quando se fala a verdade. Deixamos o outro fora de si, mas sequer o colocamos bem dentro da gente. Mergulhamos em nossa superficialidade. Desacontecemos sem antes permitir que alguma coisa aconteça. Que o amor amanheça. Que algum riso bem maior que isso ou aquilo, se entregue a nós. Ao nosso encanto. Que abrace o nosso apreço por algum olhar solto, algum tom, algum dom. Esquecemos que tudo é possível quando esperar é só mais um passo.

Não falta a mão, nem o caminho. Falta o passo certo. E o passo certo só dá muito certo quando esse nasce cá dentro. Dentro dos dias possíveis. Distante do que não foi. Perto do que cada um deseja pra si.

Tudo é uma questão de não esperar por alguma questão que defina ou liberte.

(E se doer: perdoe – se.)

(Priscila Rôde)

De repente

E agora eu vou abraçar essas manhãs adormecidas com um olhar solar, corajoso e inteiro. Ninguém sabe mas, lá no fundo, eu tenho um mundo de delicadezas recém - nascidas que vezenquando enviam um de repente para salvar o dia. Todo o meu instante fala a língua dos recomeços e eu agradeço. Porque de repente é tempo bom e fresco feito de detalhes mágicos que Deus bordou com o formato especial da nossa esperança. Molde ágil e perfeito pro coração aflito. Ele sempre sabe o que traz e quando faz. Num instante abre as compotas e derrama aquele sorriso tão doce e bem aquecido que revela estações. O tempo vai deixando todas as coragens no meu peito e sabe, já sei nadar  nas suas repentinas ondas sem fazer doer tanto os braços, sem arder os olhos,  nem dosar os sonhos.

Porque de repente a gente percebe que bonito mesmo é habitar no olhar divino e caminhar nessas eternidades  que prometem mais, bem mais que o hoje.

(Priscila Rôde)

Priscila Rôde


Priscila é mais alma que corpo, coração que mente. Seu elemento é o Amor, seu ungüento é a palavra. (Fernanda F. Fraga)