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quinta-feira, 19 de maio de 2011

RITA APOENA“… Encha o peito com mais de trezentos suspiros. Quando estiver bem levinho, solte as amarras e flutue.”





“Estou há vários capítulos olhando o nada. E o nada acontece. E o nada responde. E o nada floresce em amarelos invisíveis. Estas flores que não existem devem ter sido plantadas por algumas sementes do nada. Se você soubesse a dimensão das coisas que ainda não existem e que estão, no exato momento, amontoadas ao seu redor, você não conseguiria dar sequer um passo adiante. Às vezes, eu penso que Deus criou o mundo pelo mesmo motivo: sufocado por um vazio suplicante. Ou então, Deus criou os outros homens por não suportar as histórias em primeira pessoa. Mas o narrador foi embora e essa pessoa foi tudo o que sobrei agora…”
                                              -  Rita Apoena
“Não é que o mundo seja só ruim e triste.
É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais.
Quando uma pena flutua no ar por oito segundos
ou a menina abraça o seu grande amigo,
nenhum jornalista escreve a respeito.
Só os poetas o fazem.”
Rita Apoena
Quando você se sentir sozinho, pegue o seu lápis e escreva. No degrau de uma
escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o
dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima
a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando
a ponta dos dedos estiverem úmidas, pegue as palavras que lhe fizeram
companhia e comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto… até que
amanheça.
"Sobre as estrelas


Deitada na grama, o céu empoeirado de estrelas. Passei o dedo e - curioso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança."



Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele, querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote“.
Rita Apoena
O arrepio é quando,
por serem tão leves,
seus dedos conseguem,
em cada um dos meus poros:
soerguer uma flor.

Rita Apoena
..Então você acha que eu, euzinha, vou deixar de amar ou levar abraços ou escrever uma cartinha colorida ou dar um presente e ligar no meio do nada ou amarrar nesta árvore um laço de fita ou esconder poemas em sua casa ou desenhar um mapa na minha barriga ou plantar um girassol na janela porque você já não me ama mais? E o que tenho eu a ver com isso, se você já não me ama mais? O amor que lhe dou não é seu, ele está antes para alegrar o mundo, para ver a sementeira empurrar os grãozinhos de terra e mostrar as petúnias. O amor que lhe dou pertence às petúnias e às begônias, ao desenho das nuvens voando ligeiras, aos sorrisos que espalho aos transeuntes, às folhas dos livros, às conversas delicadas e aos gestos de carinho. O amor que lhe dou nem a mim pertence mais.
(Rita Apoena)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sobre as conchas da mão


Toma o amor guardado entre as conchas da minha mão. Dentro delas ouvi as ondas quebrando-se em pedras e o espetáculo de um pequeno musgo nascido à beira de um raio de sol. Dentro delas, ouvi a terra aninhando sementes e plantas entrelaçando a ponta de suas raízes. Finas raízes tentando sustentar o mundo sob as placas de cimento. As placas de cimento, de onde germinam as casas e crescem as pessoas, entrelaçando a ponta de seus braços e o mais fundo de seus corpos pela noite escura. Dentro delas, ouvi o mundo inteiro tentando ser par... e ouvi a ponta de tuas asas tocando minhas costas nuas, teu instrumento de cordas e suspiros profundos.

Rita Apoena- Vivo tão intensamente o momento, que quase chego atrasada ao momento seguinte.”

A vida como você deixou de perceber. Poesia é o que ela faz. Singela é a abordagem. Fala da vida comum demodo incomum, como pessoa que enxerga uma vida extraordinária nas pequenas coisas do mundo. Aliás, nas coisas do mundo. Ou por outra, do Mundo, assim mesmo com M maiúsculo. Diz da pessoa comum o quedoutroes jamais ou poucas vezes disseram. Com a perspicácia de poeta. Quer dizer Poetisa. Vive os detalhes e fala bem de todos deles. Das pequenas coisas reporta fatos como as maiores preciosidades. Do botão que procura casa na fazenda latifúndio, dos cílios que recortam as lágrimas. Da vida como ela é e como a vida pode ser: Amorosa, brejeira, faceira, iluminada, mesmo nos cantinhos encobertos pelas poeiras marcianas. Não deixe de visitar, de ler, de tomar pileque e refrigério d'alma neste sítio que vai sendo grande a cada segundo. Um minuto e já será perene. Como tantos estão dizendo: se apaixone como nós! E, emprestando as palavras de Gonzaguinha para homenagear a poetisa: é bonita, é bonita e é bonita! Vá lá:

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Poetisa Betânia Uchôa -Com o corpo em redemoinho pela boca, trovoadas.

O vento passou por aqui,
com ele foi o meu pensamento,
na brisa leve que na tarde chegou...

Levou o meu sorriso,
na ânsia de chegar ao menino,
que chorava pelo caminho.
Levou outras alegrias,
até o sonho sonhado,
buscado dentro da noite...

Levou meus planos
de um jantar romântico,
que eu tinha escondido,
no pensamento vibrante...

Levou gotas de saudades,
que chegaram a você,
que se transformou naquele menino,
do sonho sonhado,
do amor contemplado,
do jantar desejado...
das longas horas vibrantes.

Todas ao seu lado...

Betânia Uchôa

Concerto ao amor ausente



Dentro da semi-consciência,
De um sonho dentro do sonho,
Dedilhei com arpa e violino,
A sonata do aconchego...

Declamei amor a vida e orei...
E as notas soltas no ar, eram mágicas
Realizavam o sonho, e tocavam livremente,
Até que se chegue ao fim, para então,
Realizar a sua beleza, da reconstrução...

Sonata da alegria, que toca até o fim.
Com notas que perfumam, a mente, jasmim.
A vida tocada em silabas,
É uma experiência única,
Te trazem alegrias,
Onde a tristeza não tem fim...

Cantiga de um amor completo,
Trazendo a presença amada,
É viver uma eternidade,
Numa simples lembrança,
Te trazem um amor inteiro,
Uma vida sem fim.

Betânia Uchôa
" Encontrei uma lágrima:

Na falta que
uma linha sente,
pela tinta contínua,
borrando com letras,
o papel...

Na falta de silêncio,
que a caneta traça
cada traço do sentimento
sentido na poesia

Na falta de compasso,
entre um rima e outra,
na estremidade do verso;

No vazio profundo,
entre um sentido e outro
arrancado, lapidado
buscando perfeição...

No vão entre as horas,
entre levar e trazer,
desfilando toda uma filosofia
de como é simplismente viver...

No silêncio que me pedes,
em tua prece silenciosa,
esperando apenas,
um segundo de pensamento,
até chegar ao fim da linha.

Para então absorver,
toda a tristeza da face triste,
e um sorriso, de apenas aceitação,
pela folha terminada."

Betânia Uchôa

Últimos instantes


O tempo acabou
A hora chegou
Não há mais tempo
Agora foi adeus.
Sem palavras
Sem olhares
Sem toques
Sem algo que conforte.
O tempo maltrata
Cria saudades
Deixa esse vão de lágrimas
Como um céu a chorar
A dor do mundo...
Sinto o peso dessa dor
Não pelo mundo...por você...
O mundo é você...
Que se vira e vai embora
Enquanto os minutos
Passam...
Os Segundos se evaporam...
Sua presença não é mais sentida
O perfume que ficou
O vento aliado ao tempo
Varreu...varreu para longe ...
Longe de mim...
Betânia Uchôa
Abandono

Onde estão os sons da natureza
As cores efusivas de tantas borboletas,
Que voam e fazem a festa pelo grande jardim.

Onde estão os pássaros cantores,
Que entre serestas conquistam tantos amores,
E as levam em voos sem fim.

Onde está o calor do dia, presente do sol
que fazem brilhar as gotas do que ainda eram chuva
Fazendo das cores um lindo amanhecer.

Onde está a quietude da tarde,
Que ressona na ciesta tranquila,
Enquanto faz jus a boa comida,
O que devemos agradecer.

Onde estão a sombra e a risada
Do sons que chegam da praça,
Que esperam o dia anoitecer.

Onde estão os versos que lhe fiz,
Pois perdê-los seriam o meu fim,
Agonia do meu louco amor,
Que batendo asas foi embora,
Atrás de um outro amor...
Atrás de um outro jardim.

Betânia Uchôa

Quando eu amo...


Quando eu amo
Quero presença
Sem licença
Quero chama
Vontade...
Que nada atrapalhe
Essa confiança
Quando eu amo
Quero o beijo
Que fique
Presente na lembrança...
Quando eu amo
Quero a noite
Quero o abraço
Quero o dia
Quero o desejo
Que não suporte
Que explode
Acabando a agonia
Dormir e acordar
Apenas levitá...
Quando eu amo
Me invento
Me faço
Me desfaço
Me conserto...
Quando eu amo
Me cubro
Me descubro
Sem controle
No controle
Emoção
Pura entrega...
Quando eu amo...
Betânia Uchôa
INSCRIÇÃO




Sou um ser mal feito,
Nascido com todos os defeitos
sou uma taça ainda vazia
Uma planta para nascer, crescer,
Sou uma página incompleta,
esperando na medida certa
caminhos e trilhas intocáveis,
ou não...fáceis ou difícies,
mas que sejam completos,
que sejam repletos de vida.
Sou uma rocha esculpida pelo tempo,
sou as fagulhas soltas da brasa acesa
Sou a pequena lareira.
Um olhar distante,
no rosto banhado pelo luar,
sou uma pequena estrela,
solitária na noite,
sou a ventania, que anuncia...
que anuncia...
Sou ternura, lágrima e cor...
Eu sou a essência da poesia.



Betânia Uchôa

Eu sou assim


Eu sou o que você vê,
O que você lê,
O que você ouve,
O que você sente.

Eu sou o próprio sentimento,
O que você sente ao me ler.

Eu sou muito direta e autêntica,
Para ser vista, de outra maneira.

Eu sou assim...
Como você me vê e sente...
Eu sou assim.

Betânia Uchôa

Poetisa Betânia Uchôa -Com o corpo em redemoinho pela boca, trovoadas.

Betânia Uchôa,  baiana, criada em Brasilia e em 2008 retornou a  terra natal,com 43 anos, vividos de forma feliz.É casada, com um casal de filhos ainda pequenos.Começou a escrever quando ainda tinha 09 anos e escrevia peças teatrais para que os vizinhos pudecem ver. O fato de gostar de escrever e querer compartilhar com amigos os seus versos e pensamentos, e de querer gritar ao mundo idéias e sentimentos fez desabrochar 
todo seu potencial poético...