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quinta-feira, 16 de junho de 2011

E quando eu não quis mais saber de mim, alguma coisa começou a dá certo.

É que às vezes não medimos as possibilidades, mas por algum motivo ou nenhum, desacreditamos. Pulamos a página. Riscamos o fio de chance que demorou uma vida pra nascer e virar poesia. Não aprimoramos o olhar. Não treinamos os gestos. Trocamos as gentilezas de lugar. Assim, morrem – se os toques, os jeitos. Ficamos no avesso das memórias, soltos no desdém das horas. Perdemos o teor da palavra, o doce que a língua tem quando se fala a verdade. Deixamos o outro fora de si, mas sequer o colocamos bem dentro da gente. Mergulhamos em nossa superficialidade. Desacontecemos sem antes permitir que alguma coisa aconteça. Que o amor amanheça. Que algum riso bem maior que isso ou aquilo, se entregue a nós. Ao nosso encanto. Que abrace o nosso apreço por algum olhar solto, algum tom, algum dom. Esquecemos que tudo é possível quando esperar é só mais um passo.

Não falta a mão, nem o caminho. Falta o passo certo. E o passo certo só dá muito certo quando esse nasce cá dentro. Dentro dos dias possíveis. Distante do que não foi. Perto do que cada um deseja pra si.

Tudo é uma questão de não esperar por alguma questão que defina ou liberte.

(E se doer: perdoe – se.)

(Priscila Rôde)

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