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segunda-feira, 28 de junho de 2010

A flor da poesia -Helena Frontini-


Corpo e alma

Minha alma tem ansias inauditas de liberdade.
Neste corpo contido, bandido, bendito
Habita um pássaro de asas quebradas,mas vivas
Até o ponto onde pode ser vivo um pássaro de asa partida.
Preciso de espaços plenos para curar minhas feridas
Latejam, ardem, doem e demoram a cicatrizar.
Que pena sinto de mim por ser tão dependente de mim...
Nada me perturba tanto como esta gota aflita e quente
Que teima em cair em minhas penas imprecisas
E demora a evaporar.


-Helena Frontini-

Invisível


Meus passos deixam marcas no chão.
Tenho uma sombra que me acompanha sempre.
Falo,ouço e tenho todos os sentidos apurados.
A mente é jovem, aberta como um leque
E a poesia derrama-se de mim em cachoeira.


Tantas vezes torno-me meu próprio espelho
Refletindo só a mim mesma.
Não me ouvem, não me olham, não me tocam.
Minha poesia queda triste e desarvorada
Errante no limbo da invisibilidade.


-Helena Frontini-

Eterna melodia


Em tudo há música, cor e perfeição
E devemos criar a nossa própria melodia.

Mesmo que desafine e não hajam aplausos
É a sinfonia que havemos de reger.

Maestros indecisos,vacilantes e incertos
À procura da graça de aprender.

Nossa alma,instrumento de sons raros
Anseia por sensibilidade e salvação.

Não importa a nota, o tom, a clave musical
O ritmo é que não se deve perder.


-Helena Frontini-

Recuperação


O silencio mostrou-se como um lenitivo.
Fico só, lambendo minhas feridas
Em companhia da natureza que me refugia.
Meu olhar distante procura certo alento
Nas flores, no voo das aves, no sol,
No rio que segue sempre, no vento...

Uma névoa ensombrou meu ideal.
Sonhos perdidos,o coração despreparado
Para o sofrimento e o desamor.
Não sei como reagir nem mesmo pensar.
Preciso de solidão e calmaria,
Gerada dentro da alma e não fora,
Em becos e ruas sem saída.

Sofro e ninguém pressente minha dor
Espero, em meu tempo de esplim...
Retorno quando me achar
E souber o que fazer de mim.


-Helena Frontini-

Enquanto a música durar...


A música embala baixinho, em tom gutural
Meu corpo moldado no vazio das esperas.
A vida derrama-se de meu ventre letal
Revolvendo fantasias e quimeras.


Chegue perto e sinta o eco de meu coração
Célere, com o vigor de quem vai embora,
Escapar do peito, deste peito sem emoção
Onde tudo mofa,adormece,embolora...


Hoje, esta lenta canção me acompanha
Ardendo na alma sua tristeza sem fim
Olhos semi cerrados, como quem sonha
Que o mundo inteiro chora por mim.


-Helena Frontini-

Sonhos...


Quero a doçura de uma vida simples
Cuidar dos filhos,da casa e das flores.
Uma horta de temperos e verduras
Com tempo de amar,tratar e observar
As estações que mudam devagar.
Ter a mente clara e sem torpor
Um corpo cuidado sem ostentação.
Uma casa no campo,uma nascente
Onde a vida escorre lentamente
Como água em minha mão.

De tardezinha esperar na varanda
Os olhos em paz,o rosto lavado,
Que com o último raio de sol
Retorne o meu amor.


-Helena Frontini-

Muito prazer...


Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Tenho momentos,como qualquer mortal...

Sou ciumenta, insegura, possessiva, cativante
Por vezes, distante, incontrolável, abissal.

Sou carinhosa, desastrada, meiga, inteligente
Possuo qualidades acima do normal.

Sou linda, atraente, mimada e me descabelo
Tenho riso franco, chôro fácil, olhar fatal.

Sou carente, desbocada, boba, intransigente
Amante, amiga, decidida, um coração leal.

Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Mas...Como eu, não verás outra igual...


-Helena Frontini-

Sem inspiração


A poesia, às vezes some no espaço e no tempo
Tomando rumos alheios à minha vontade.

Incorpora um pássaro livre, destronado do lar
À cata de abstrações e temas renovados.

Pobre mente imaculada neste papel em branco
Borda caricaturas e borrões assustados.

Meu verso aguarda exitante e sem significado:
Nada crio, nada faço, a não ser esperar...


-Helena Frontini-

Clair de Lune


Desde tenra idade envolvi-me com a magia dos sons.
Anos de estudo gastando o instrumento e as mãos.
Entendo a música, sei ler notas, as comuns e as cifradas.
Conheço as escalas e as claves de fá e de sol.
Os compassos, a métrica e o solfejar.
Aprendi sobre bemóis e sustenidos, colcheias e mínimas,
Semínimas, fuzas, semifuzas e pontuação.
Reconheço um ritmo, seu tempo, sua melodia
Mas...não tenho o dom!
Possuo vontade e perseverança que deveriam bastar
Contudo, não encorporam o espirito musical
Apenas reverberam meu tédio.
Breve ou semibreve!


-Helena Frontini-

Simplesmente Helena Frontini


Nasci em Santos,cidade balneária do estado de São Paulo.Vim para a capital ainda pequena e não guardo muitas recordações de minha cidade natal.A não ser o mar...Inesquecível em sua imensidão. Em Sampa,estudei e me formei em Letras.Casei cedo e tenho meus filhos criados e bem formados com a graça de Deus. Minha vida foi cheia de altos e baixos como a maioria das vidas,é. Com muita luta e superação,hoje me encontro numa situação confortável,tanto material,quanto espiritualmente. Parece-me que encontrei um certo ponto de equilíbrio com a maturidade... Mas,isso pode ser apenas uma ilusão passageira. A vida dá muitas voltas e amanhã tudo pode ser diferente.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

CAMPANHA DE COMBATE AO PLÁGIO

Aqui numa entrevista a resposta da Fernanda Mello


Pergunta- Há alguma dificuldade em manter um blog no ar, com a recente proliferação de blogs na internet?



Fernanda:
 É difícil, muitas pessoas copiam o blog, se apropriam dos textos, mas internet é isso: não temos controle. Então, fazer o quê? O máximo é tentar conscientizar as pessoas a colocarem os devidos créditos nos textos em respeito aos autores.


APOIO TOTALMENTE


Espalhe para os AMIGOS que PLAGIAR é CRIME Lei n 9610, Artigo 184, do Código Penal. Use o Banner da nossa campanha CONTRA o Plágio. Seja mais um aliado nessa LUTA

Hoje 23 de Junho Aniversário desta linda mulher... Fernanda Mello



































Eu não sou linear. 
Eu não sou uma pessoa terminada, eu não quero rótulos nem roteiros prontos, não existe começo nem fim em mim. 
Eu existo. Não sou produto, sou só coração. 
Vivo em um meio que me parece eterno. 
Um meio que me faz escrever, ser e mudar a cada dia.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida...Eu sou criança. E vou crescer assim.


Não sei se sou mais pertubada ou pertubadora como você disse. Talvez seja uma coisa e outra. Nem uma coisa nem outra. Ou viva intercalando ser e não ser, conforme o dia. Quem importa?

Bombons sonho de valsa quando se o mundo não dá sinal. Nessas horas, eu (que odeio celular!!) fico olhando para o pobre do aparelho, como se telepaticamente ele fosse me ajudar.

É aquela velha história. Amor, pra mim, só dura em liberdade. Nasci pra ser livre e - quem quiser - que me deixe assim. Tenho dois pares de asas, um desejo infinito no peito e um lado druida que não se cala. Sou guerreira.

Os textos surgem de detalhes: uma palavra, um silêncio, um olhar, um sentimento que não te deixa, uma tristeza que chega sem pedir licença, uma alegria que invade, uma dúvida, um não-saber sobre tudo o que há por dentro.
Fernanda Mello

Quer me entender? Não precisa. Quer me fazer feliz? Me dê um chocolate, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira bonita pra me fazer sonhar. Não importa. Todo dia é dia de ser criança e criança não liga pra preço, pra laço de fita e cartão com relevo.

Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica. Por isso, faço a minha sorte. Sou fiel ao que sinto. Aceito feliz quem eu sou.

Se eu gostar de você tenha a gentileza de não me deixar tão solta. Não me pergunte aonde vou, mas me peça pra voltar. Sou fácil de ler, mas não tente descobrir porque o mesmo refrão insiste em tocar tanto. Se eu gostar de você, tenha a delicadeza de também gostar de mim. E me deixe ser, assim...

Sou fácil de ler, mas não tente descobrir porque o mesmo refrão insiste em tocar tanto. Se eu gostar de você, tenha a delicadeza de também gostar de mim. E me deixe ser, assim, exatamente como eu sou. Meio gato, meio gente. Desconfiada. E independente.

A irreverência de Fernanda Mello




Eu tenho um caderno delicioso de frases que vive em constante atualização. Adoro todas. Mas existe uma que é eterna: "Qualquer coisa é a casa da poesia", Adélia Prado. É de uma singeleza sem tamanho.

Aos 37 anos, a canceriana Fernanda Mello vive como uma mocinha que dança a valsa dos 15 anos a todo momento: não se cansa de sonhar, bailar, e amar. Redatora publicitária, cronista da revista Rio Sport Center, blogueira, e compositora de grandes sucessos musicais de artistas como, por exemplo, Jota Quest, Tianastácia, Wanessa Camargo e Felipe Dylon, ela se orgulha ao digitar a esta entrevista sua principal atividade: "tudo o que eu faço na vida é escrever".

E o público agradece. Responsável pelo blog "Coração na Boca", que estreou na web em 2003, pelo servidor de blogs do Terra, no mês de Agosto deste ano, Fernanda mudou seu blog de servidor, após o Terra descontinuar o serviço gratuito para blogs. Na comunidade do Orkut dedicada à escritora, e na de seu Fã Clube "Princesa de Rua", os fãs pediram o retorno do blog, que em menos três meses já foi visitado mais de 24.700 vezes. Em um de seus textos, que circulam por toda a internet, ela se define como uma princesa de rua, como quem mistura o glamour e a simplicidade.

A escritora, há alguns anos, namorou com Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, e hoje são apenas amigos, mas o espaço conquistado por ela é de um caminho próprio. Grandes sucessos do grupo mineiro de pop rock, como "O que eu também não entendo", "Mais uma vez" e "Só hoje", são de autoria de Fernanda. Nesta entrevista, ela, apaixonada pela vida e romântica assumida, demonstra não temer nada. Se há quem diga que quem ama demais um dia acaba em um apartamento sozinho e rodeado de gatos, não se preocupe, Fernanda mora sozinha com Cazuza e Bebel, seus dois gatos, e está muito bem, obrigada.



Com várias páginas em branco, de uma vida de poesia, a serem escritas, Fernanda Mello, essa princesa de rua, parece saber o que muitos ainda não aprenderam: por mais que a carruagem às vezes insista em voltar a ser abóbora, o destino de quem nasceu para ser princesa sempre será o castelo (e nem precisa perder o sapatinho de cristal, o scarpin de oncinha, a bota de cano alto, o tênis da Sandy, as havaianas...).



Visite o blog da Fernanda Mello:http://www.fernandacmello.blogspot.com/






sexta-feira, 18 de junho de 2010

GRATIDÃO

É com muita alegria, que recebo neste  Blog, 150 pessoas, interessadas nele.
Fiquei muito emocionada, pois então este Blog, era apenas um projeto despretensioso, 
mas que se tornou minha paixão.
Aqui conheci trabalhos de artistas maravilhosos, tanto na imagem, como na poesia...
Poetas, que se tornaram meus amigos pessoais...
E é este primeiro marco, que quero compartilhar com todos vocês.
Por isso, criei um selo comemorativo!
Peguem, ele é seu!
São vocês os responsáveis pelo meu amor e dedicação a este meu cantinho sagrado.
Bjs em luz
Namaste
Glorinh@

Selo comemorativo - 150 seguidores



URL:http://4.bp.blogspot.com/_6_Eku06cZVE/TBvk6ixQkAI/AAAAAAAAF4I/onlDpMGqmJY/s320/selo.jpg


quarta-feira, 16 de junho de 2010

VALQUIRIA CORDEIRO - ALMA DE POETA


Eu conheço pessoas, tão especiais,
que exalam perfume de rara flor...
elas serão sempre essenciais,
pois conhecem de fato, o amor.

São amigos que transmite a paz,
e que ao meu lado, sempre estão,
são anjos e arcanjos celestiais,
que seguram a minha mão.

E não fazem cobranças...
Pois confiam, na aliança,
que por nós foi firmada.
São amigos verdadeiros,
fiéis e companheiros...
que estão comigo, nessa jornada.

(Valquíria Cordeiro)

O seu olhar me devora,
cintilante e todo atrevido,
e o meu corpo não vê a hora,
de ser pelas suas mãos despido.


E enquanto você sorrateiro,
sussurra ao pé do meu ouvido.
O meu corpo queima inteiro,
dando um fim ao meu vestido.


E somos fogo e palha,
fogaréu que se espalha
e explode em carinhos...

Um do outro sem medida,
a caça e sua comida...
Juntas no mesmo ninho.

(Valquíria Cordeiro)


Estou esperando um sonho,
que breve virá me alegrar...
Á tempos eu o componho,
nos meus simples versejar.
E quando esse sonho chegar,
eu abrirei a minha janela,
para com o amor voar,
afim de alçar as estrelas.

Então, será tudo completo,
Já que terei o sonho dileto,
que é estar ao seu lado...

E seremos um do outro,
do nosso jeito meio louco,
porém apaixonado.
(Valquíria Cordeiro)

Procura-me numa borboleta.
Naquela que voa graciosa...
E inspira o sensível poeta,
a escrever o seu verso/prosa.

Sim, na mais linda borboleta!
Que encantada e generosa,
os jardins da vida enfeita
e quando pousa na rosa...

A visão é das mais belas!
Ambas tão singelas...
Uma a outra completa.

Ou procura-me na rosa,
pois lá estará a graciosa
e livre borboleta.

(Valquiria Cordeiro)

Ao seu lado, tudo é amor...
E a felicidade é presente,
com a sua áurea de calor,
que reluz claramente.

E no seu aconchego,
descanso serenamente,
e faço manha e faço dengo,
e sou sua livremente.

De um jeito só nosso,
pois, com você eu posso,
ser tudo o que eu quiser...

sou menina carente,
amante insinuante,
ou apenas mulher!

(Valquíria Cordeiro)

Trocamos olhares
e um doce beijo...
nos livramos das dores
e matamos os desejos.

De sermos enfim...
Um do outro.
E de ficarmos assim,
no infinito encontro.

Que o nosso amor merece
e que a paixão tece...
Em busca da felicidade.

E depois desse sonho,
eu te proponho...
A realidade!

(Valquiria Cordeiro)


Os meus sonhos dormem,
quando você não vem...
As estrelas se apagam,
o meu coração emudece
e a minha intuição se
perde na incerteza.
Tudo fica tristonho...
A sua ausência tapa
os meus ouvidos e eu
só consigo ouvir o eco
da sua chegada que
se prendeu no que resta
da minha esperança.
(Valquiria Cordeiro)


O mesmo amor que tece as manhãs,
colocou-te na minha vida e coração
e uniu nossas almas gêmeas/irmãs,
num rito de amizade, amor e paixão.

E eu serei grata a esse sublime amor,
que fez-se transbordar em gratidão,
curando a m’alma de todo dissabor
e amparando-me na palma da mão.

E mesmo que da minha larga janela,
eu não consiga ver o céu inteiro...
Eu fico a sondar a nossa estrela.

Contemplando esse pedaço do céu,
que descortina-se sem puder e véu,
como se fosse uma grande passarela.
(Valquíria Cordeiro)

A fé que me trouxe aqui,
é tão sublime e valorosa,
pois, faz-me crer no sentir,
que me eleva...Gloriosa!

É um estado de graça,
o vislumbre do porvir...
Uma corrente que passa,
para o alento do meu ir/vir.

Para que na minha oração,
eu abra o meu coração...
Para agradecer.

A dádiva da minha fé,
que me põe de pé,
nesse meu viver.
Valquiria Cordeiro

Existem momentos tão mágicos, e deixam de ser apenas momentos, e passam a ser eternidades -Valquíria Cordeiro


Acho-me estranha, gosto da solidão, 
guardo segredos do coração, gosto do silêncio ,da noite... 
Das canções mais tristes,das chuvas mais fortes , 
temo a morte!
Sou fascinada pelas flores, 
resistente a dores, porém frágil aos amores... 
Tenho medos que desconheço, 
e outros que até mereço, 
sou avessa ao espelho ,não uso vermelho, 
gosto das comidas picantes, 
prefiro as bebidas quentes, temo as alturas...
As pessoas...Amo a bravura do mar! 
Tenho olhos tristes, a razão dentro de mim fui buscar, 
não encontrei você não estava mais lá. 
(Valquíria Cordeiro)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Poeta Marla de Queiroz- acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”.

Não quero mais o beijo molhado, o derretimento castanho dos olhos, o sorriso sacana. Não creio mais em tardes febris ou saudades desesperadas. Tudo é verbo, verso, papo furado. Tudo pode ser rasgado, cuspido, jogado no lixo. Obra prima perdida em rasuras. Poesia sem calor de corpo. Paixão destituída de loucura. Fogo morto. 
Não quero mais o encaixe de tudo, o perfume da pele, a carícia dos dedos. Não creio mais em noites acesas, em madrugadas intensas, em manhãs de luxúria. Tudo é fome e desejo de saciedade. Tudo é espera por novidades. Displicência de afetos, perda de tempo, sexo sem vontade. 
Não quero mais sensações de eternidade, abraços pra sempre, sussurros de amor. Creio em frases desacompanhadas, em palavras cruas, textos sem autor. Tudo é falta de comprometimento, tudo é vácuo, vazio, relento. Tudo é falta de rumo, um peito apertado, tristeza sem dor...


Marla de Queiroz

Charles Mingus a nos sugerir caminhos: abraçados, acariciamos o corpo da noite até acender a fagulha mais intensa do desejo.O peito se ampliado em carícias.E nossa paixão louca, invencilíssima, inundando a cidade de janeiros. Miles Davis desenhando tantas ondas, e na escuridão do quarto espraiando sobre nós praias e luzes, algas e conchas. Em cada acorde borbulham nervuras e vísceras. Frank Zappa a desconstruir o que era óbvio, John Coltrane a soprar segredos. Tua boca crava em meu pescoço a mordida que há implícita em cada beijo. Azymuth embalando butterflys, nenhuma gota se perde da minha vontade de sentir teu gosto.Tantos sons se misturam. E não há gozo maior, meu amor, que fechar meus olhos embevecida pela música e, ainda assim, ver teu rosto. Tudo é dosadamente desmedido. Suspensa no tempo, suspiro teus dedos, teus dentes, delícias de um verso sentido. E eu me calo intensamente pra apreender a tua língua. E acordo renovada e curiosa para descobrir o que (nus) não exploramos...ainda.


Marla de Queiroz

Daquele livro de poemas, meu amor,restou a florzinha esmagada entre as páginas.Só descobri quando mudei o capítulo que falava das janelas abertas, janelas tão escancaradas que a casa amanheceu alagada com a chuva noturna...
Ainda acordo com aquele aperto no peito. Tenho que parar de tomar tanto café, eu sei...
Ninguém prestou atenção em nós...
Vc ainda tem aquela música nos seus arquivos?Eu nunca dancei pra vc...
Posso?
Por que eu escrevo a nossa história em itálico? Porque as letras ficam deitadinhas umas sobre as outras,é mais romântico.
Do sábado eu gosto, falo mal dos domingos.
A saudade? É a florzinha esmagada entre as páginas.
EU? (...) Sou esta reticência entre parênteses.
 MARLA DE QUEIROZ

(Eu tô mexendo nos papéis velhos e nas nossas incompletudes).Escrevi sobre tuas mãos no dia em que o esmalte vermelho descascado parecia gotas de sangue seco em tuas unhas.Você estava triste e, no entanto, sorria: nunca vi tanta amargura revelada num sorriso.(Achei naquelas folhas soltas do caderno abandonado a história áspera de um amor que chegara trazendo angústias; a visão de uma Primavera, toda ela, de flores mortas. Achei o cartão postal, o poema rabiscado em cima da perna num pedaço de guardanapo engordurado).Tuas mãos, tão trêmulas, tantas veias grossas, tuas palmas ásperas, bem me lembro da firmeza com que segurava as coisas, do teu apego, do medo de deixar cair.Você vivia entorpecida passeando pela casa, desarrumando os quartos, esvaziando cinzeiros. Os discos espalhados pela sala.(Uma frase de Drummond naquela foto antiga, a letra ilegível, a frase indecifrável).O sangue seco nas tuas unhas.(Tanta amargura naquela carta.A Primavera de folhas secas e flores mortas).E no entanto, você falava de amor...Tonta,trêmula e ausente segurando as coisas com força, em meio aquele abandono.
No teu sorriso.
Tudo tão frágil.
(E, no entanto).

(...)Os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras ficaram até descobrir que uma caixa de quiwís era o melhor presente que eu poderia ganhar no meio de uma tarde triste...Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades. O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre"... hoje!
MARLA DE QUEIROZ


Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal-resolvido sem soluços.


Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo e não estou aqui pra que vocês gostem de mim, mas pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho e seduzir somente o que me acrescenta.
Tenho uma relação de amor com a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar....
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos:
são eles que me dão a dimensão do que sou.
MARLA DE QUEIROZ


Se eu pudesse me resumir, diria que sou irremediável!Poeta Marla de Queiroz


Eu te desaconselho a me procurar: eu sei onde te encontro antes de me perder por aí.Só não quero deixar pegadas enquanto repenso em qual bifurcação desisti de seguir adiante.Não sei se fiz a coisa certa ao me desvencilhar daquela nossa rotina hiperbólica. Porque preciso de muita paixão, enquanto rezo pela calmaria. É que eu preciso de muitas questões, enquanto fujo para obter respostas...

Não queria escrever um texto, mas um sopro.Desses que tiram o fio de cabelo do teu olho, talvez a única coisa que falte pra deixar sua lágrima evidente.Talvez a única lágrima capaz de desatar esse seu nó na garganta, latente. Até que o choro venha espesso e a alma possa se acalmar no cansaço da dor. E com toda essa emoção sendo despejada, você consiga perceber que não precisa racionalizar nada pra se sentir melhor. Isto é clichê. E que você nem precisa se tornar uma pessoa melhor agora, neste exato momento em que tudo é culpa.Você só precisa conseguir acolher o seu ser assustado. Traze-lo pra sua respiração até que ele se tranqüilize.Você não precisa entender essa angústia. Você não precisa disfarçar tua confusão, nem negar o teu “eu inferior” que tem tanta beleza quanto a parte mais sábia de você. Você só precisa limpar da sua voz esse choro contido: pra que possa pedir ajuda ou desculpas com toda a clareza da força do teu coração.
Este texto, por exemplo, pretendia ser um sopro.


Marla de Queiroz

terça-feira, 8 de junho de 2010

Poesias Homenino Poeta

Hoje, os meus versos
foram feitos de retalhos.
Cabelos grisalhos
povoam os meus pensamentos
e se espalham sobre o papel,
em forma de flores.
Será que você, 
que agora os lê,
pode me ajudar
a distribuir todos os dias,
essa infinidade de ternura 
que se encontra aqui? . . .
Pra que todo esse amor
venha a ser também
a felicidade
de muitas outras pessoas? . . .

Homenino Poeta

Fotos Marco Niemi


















www.marconiemi.com