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domingo, 12 de setembro de 2010

“Claro que deve haver alguma espécie de dignidade nisso tudo, ,a questão é onde, não nesta cidade escura, 
não neste planeta podre e pobre, dentro de mim? 
Ora não me venhas com autoconhecimentos-redentores, 
já sei tudo de mim, tomei mais de cinqüenta ácidos fiz seis anos de análise, 
já pirei de clínica, lembra? você me levava maçãs argentinas e fotonovelas italianas, 
Rossana Galli, Franco Andrei, Michela Roc, Sandro Moretti, 
eu te olhada entupida de mandrix e babava soluçando 
perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança, 
enquanto você, solidário e positivo, apertava meu ombro com sua mão 
apesar de tudo viril repetindo reage, companheira, reage, 
a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, 
teu potencial criativo, tua lucidez libertária, bababá bababá. 
As pessoas se transformavam em cadáveres decompostos à minha frente, 
minha pele era triste e suja, as noites não terminavam nunca, 
ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, 
e cadê a causa, cadê a luta, cadê o potencial criativo?”

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