"(...)Claro que você não tem culpa, coração,
caímos exatamente na mesma ratoeira,
a única diferença é que você pensa que pode escapar,
e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka,
me passa o cigarro, não, não estou desesperada,
não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada,
estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída,
ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto,
gin-seng e lexotan,depois deito, depois durmo, depois acordo
e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, a
bsolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa,
depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina
ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer
choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios,
não vou tomar nenhuma medida drástica,
a não ser continuar,
tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma?”
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